sexta-feira, 28 de julho de 2017

O peso de estar só


 “hoje em dia, não existe nada que eu deixe de fazer por estar sozinha”.  

Eu disse hoje essa frase para os meus dois grandes amigos. Refleti bastante de uns meses pra cá, e é isso mesmo. Não existe nada que eu deixe de fazer por estar sozinha. Ando sentindo um prazer sem-vergonha em ser eu mesma. Corro sozinha, sento e tomo minha cerveja sozinha, vou ao cinema sozinha, faço almoço para comer sozinha, fico no meu apartamento ouvindo musica sozinha e ta tudo certo, não tem peso, não.  O peso do “estar sozinha” veio dessa ideia que nos ensinaram desde sempre: precisamos do tal príncipe encantado, precisamos de alguém que nos complete – precisamos do outro. Ensinaram também que esse outro deve ser uma pessoa especial, mas há uma pressão social tão grande em cima de nós, mulheres, para termos alguém do nosso lado, para nos proteger, que qualquer um passa a ser especial diante da gente. E a gente sucumbe a essa pressão, e a gente aceita menos, mesmo merecendo muito mais. Muito mais. A gente se entrega por tão pouco, por puro medo da nossa própria companhia. E vamos moldando a nossa identidade ao redor do outro, contando nossa historia através da sombra do outro. Então passamos a demonizar a solidão, e quando ela aparece, surge também o medo. O medo de saber quem somos de verdade. Mas não tenha medo, mulher! Porque se você estiver disposta a mergulhar no infinito que é você, essa descoberta pode ser uma viagem incrível. Não se assuste, você não está numa floresta escura, você está diante da sua melhor companhia. E aprende dessa vez que o único peso de estar sozinha é o peso das tuas asas – quanto maiores, mais pesadas.

E que nada no mundo nos prenda ao chão.

Em 28/07/17 às 13:17