terça-feira, 7 de maio de 2019

De dentro

Venho trocando o café preto pelo chá de camomila/ bebendo menos, sentindo mais/ tentando não esquecer as datas das minhas pessoas/ cultivando ideias lúcidas pra mim e para elas/ lendo mais/  repensando saudades/ falando de olho pra olho/ evitando fragilidades/ juntando os pedaços/ recolhendo os cascos vazios, varrendo as cinzas/ ajeitando a minha morada.
buscando mudanças/ dia a dia/ mudando de uma massa disforme para algo meu/ só meu/ que eu quero voltar a ser minha/ quero ser a minha mulher/ Raquel, a minha menina.
tenho me conectado na minha introspecção/ redecorando meu quarto/dando atenção aos meus livros, minhas músicas, meus filmes/ venho tentando resgatar o que é meu/ a minha parte/ o meu  universo singular/ sentindo o meu corpo/ enxergando o brilho dos meus olhos/ dona de mim/ da minha solidão consentida.
ando me inclinando na janela do meu quarto/ como quem procura um pedaço de céu/ como quem quer voar pra longe/ pra qualquer lugar, um buraco, uma caverna/ sem relevar a cor das paredes/ um lugar que me mostre um pouco mais de mim/ já disse  que quero ser minha de novo/ Raquel, a minha mulher/ com o coração aberto, sempre aos pulos/ pelas minhas paixões mais sinceras.

Nós

Antes de arregaçar as nossas mangas em busca de., vamos esvaziar nossos copos nessa janela ampla, de vento forte e um céu tímido de estrelas. Nossos copos estão cheios com um líquido que desce acalmando a garganta, entalada com um nó que não desata. Minhas caras, sei que tá todo mundo cansado e ninguém sabe mais "até onde vai". Dormimos mal & sonhamos pela metade. Embora insones, caminharemos por uma via que nos leve a algo tocável. Novos instantes surgirão depois de uma participação coadjuvante no nada. Tenhamos fé nesses novos instantes, com olhos mais lúcidos enxergaremos cores mais nítidas. São dias tempestuosos e seguimos em pé, porém, molhadas com água barrenta de uma tristeza que não é só nossa. O movimento do mundo parece estar todo errado, mas eu sei que a nossa intuição sempre esteve certa. Resistiremos 🌺

Para elas.

Com amor,
Raquel.


Google pesquisar

Quando criança eu morava no litoral e costumava passar todos os finais de semana na casa da minha tia para poder brincar com os meus primos. O fato é que nessas visitas eu SEMPRE me pegava observando um antigo quadro, idêntico a esse da foto, que ficava na sala dela.

Todo mundo sabe o quanto sou apaixonada pela infância que tive. Com o passar dos anos me agarro ainda mais a todas as lembranças possíveis da melhor época da minha vida. Como disse Cacaso “minha infância é a minha pátria, por isso vivo no exílio”.

 Quem me conhece bem também sabe que sou apaixonada por pinturas pré-Rafaelitas e sigo zilhões de páginas sobre. Hoje, ocasionalmente, abri o Facebook e dei de cara com uma pintura do René Gérin que automaticamente me transportou para a sala da minha tia.

Sim, voltei meus pensamentos para aquele quadro que me fazia VIAJAR: lembro que me imaginava naquela paisagem e sentia até o cheiro do lugar (Oi, sinestesia?). Lembro tbm de uma vez perguntar para minha avó:

- Vó, no quadro é a Sra. e vovô quando eram casados? (Eles se separaram antes mesmo d’eu nascer).

Daí que hoje decidi que descobriria quem assinava aquela pintura que havia sido tão significativa na minha infância.

As palavras chaves que usei na busca do Google foram: “quadros antigos da década de oitenta/quadros antigos da década de noventa/pinturas populares no Brasil”. E nada! Até que cheguei no pintor Pedro Weingärtner. Não, não era ele. Mas estava no rumo.

 Então pesquisei por artistas com temática similar e achei a pintura que eu queria (talvez a primeira expressão artística que me fisgou desde que me entendo por gente.) Finalmente cheguei ao nome do artista que eu buscava: Toshizo Nakane!

Li um pouco sobre a sua carreira e tive acesso a depoimentos de outras pessoas que, assim como eu, de forma modesta, tiveram contato com as réplicas de seus quadros nas casas de suas avós ou enfim.

Fiquei imaginando quantas crianças esse artista conseguiu chamar pra dentro dos seus quadros e quantas "viajaram" comigo  naquela época. Toshizo Nakane fez parte da minha infância de uma forma tão bonita e eu nunca nem havia parado para pensar sobre isso, sequer sabia seu nome, até hoje de manhã. 🎐💭


domingo, 20 de janeiro de 2019

Foder


É entrega desnuda
Labirintos secretos
Ruas de mão dupla,
atalhos.

É linguagem própria do ato
Cheiro de pele
Textura no toque,
combustão.

É não pensar em nada
Deixar-se fluir
Abusar dos segundos,
encaixe.

É saliva
Suor misturado
Troca de fluídos
e tesão líquido escorrendo entre as pernas.