quinta-feira, 16 de janeiro de 2014

Beijosmeliga?

Eu esperava ansiosamente por notícias, de quem ou sobre o que, até hoje eu não sei. Esperei por pedidos de desculpas, e por ligações sentimentalistas...
Trim-trim: A telemar avisa... tu.tu.tu.

Eu esperava por uma visita amistosa e sem grandes pretensões, alguém que batesse na minha porta e dissesse: “Oi, passei aqui só pra te dar um abraço”.
Din-don: - Quem é? – Correio!

Nem tudo estava perdido, ainda existia a possibilidade de uma carta: Banco do Brasil, Conta telefônica...

Tudo bem, certamente o consolo chegará por e-mail... Caixa de entrada. Uma mensagem não lida: Clique aqui e aumente seu pênis. 

Largada e assistindo Ana Maria Braga, vi-me entregue a decadência doméstica. Porém, eis que “Loosing my religion” do REM começa a tocar. É o meu celular! Começo uma “caça ao celular”. Achei! Alguém me mandara uma mensagem. Caixa de entrada. Uma mensagem não lida: Insira novos créditos. 

Totalmente jogada às traças, mergulhada no esquecimento alheio, resolvi sair de casa. Fui ao centro, debaixo de um sol escaldante. Talvez eu encontre alguém conhecido, que me diga o quanto sente minha falta. 

Então, eis que de repente, vejo alguém com os braços estendidos caminhando em minha direção. Um pequeno papel é lançado em minhas mãos: Irmã Janaína - Trago o amor da sua vida em 7 dias.

(Escrito em 04/09/2007. Publicado na revista literária Trimera - Casa de Letras)


Paixãozinha de merda

Como quem não quer nada, eu ofereci meu abraço. Meus olhos enfeitados com olheiras de quem não dorme há dias, oferecia promessas vazias, em silêncio. Eu sinto muito por não ter olhado mais pra você. E agora, declaro-me escrava da minha paixão fria de razão.
Acordei tarde de uma noite etílica, atrasada para todas as coisas. Eu chorei. Pensei que talvez fosse diferente se eu acordasse todos os dias com você ao meu lado. Eu me descubro romântica, e passo a aceitar isso.
Eu te escrevi uma carta cheia de paixão com fratura-exposta; talvez eu a queime ainda hoje. Sabe, eu queria te carregar no bolso secreto da minha bolsa, é lá onde guardo as coisas mais importantes, aquelas que eu não posso perder de vista em meio à bagunça ao redor. Eu queria descobrir tuas manias, e te entrevistar todos os dias. Eu queria te contar o resumo dos meus dias triviais, e preparar no liquidificador o teu suco preferido. Mas você não se importa com nada. Você não se importa com o meu abraço cheio de sentido, com o meu sorriso colado em ti, que se abre junto com os olhos rentes aos teus, enfim, você não se importa com o meu sentir, que é teu, sem ser do mundo.
Eu até tento não pensar mais em você, porém, o inevitável está perto. Mas hoje aprendi que só posso desejar aquilo que eu posso ter. Então, não é por nada não, mas faça o favor de ir cagar em outro coração.
(Escrito em 15/12/2007)


Penelope in the sky

Noite passada sonhei com Penelope Cruz, sem ver nem pra quê, sonhei. Acordei com Penelope Cruz figurando meus primeiros pensamentos do dia. Não há belos motivos para isso, mas sonhei, acordei e pensei. Pensei em Penelope Cruz o dia todo, e me senti profundamente estúpida, porque tenho plena convicção de que Penelope Cruz jamais pensará em mim. E mais uma vez fui tomada por pensamentos auto corrosivos, uma voz com um jeitão todo regionalista dizia no íntimo do meu cérebro "Deixa de ser abestada". E assim me senti o dia todo, uma abestada por deixar que Penelope Cruz estivesse em minha mente por longas horas. Penelope esteve nos meus sonhos e nos meus pensamentos, até coloquei seu nome na busca do google imagens. Naquele dia Penelope me fisgou, roubou algumas horas de minhas ideias e causou uma leve indignação, que nem durou muito, pois à noite fui me distrair assistindo Vanilla Sky na casa de uma amiga.

(Escrito em 10/07/2009)

Altere seu status e sua foto de exibição aqui.

Espera só um minuto. Quer assistir tv? Leia essa revista por enquanto. Na volta te trago um chá. Gosta de chá verde? É o meu preferido. Coloco mel e limão, te sirvo gelado. Espera, já volto. Ainda temos muito o que conversar. Eu viajei muitas horas pra enfrentar do teu lado o frio de várias madrugadas adentro. Mas é sério, eu não demoro. Vou só aqui resolver um negócio. Quando eu chegar, vou te revelar coisas íntimas não confessáveis até a mim mesma. Espera? Eu fiz compras, acho que dura mais de um mês. A minha fome eu só mato quando chegar, depois de reconhecer a estrada que deveríamos seguir. Não corta o fio, eu volto num instante, tá? Depois podemos gritar, sangrar, comprar café, chocolate, cigarros, drogas e balões. Espera! Eu te preparo um jantar. Desfio nossas conversas e coloco um pouco de corante nessa história. Agüenta firme aí, é só o tempo de diluir essa paixão em um pouco de água, vai que ela se transforma em amor depois de 3 minutos e a gente nem sabe...




Web Cam

Eu sei como fazer seu nariz sangrar. Passei horas olhando pra ele, calculando o ponto exato de socar e quebrar e fazer sangue. O seu coração eu não conheço tão bem, mas já o vi, e ele é tão bonito... Ainda mais quando fica exposto. Mas você odeia exposições. Um murro na sua cara e te acerto em cheio. Um soco no seu estômago e te deixo sem fôlego. E se você gritar de dor e chorar, não me importo, a culpa é sua por não deixar seu coração se exibir nu na web cam pra mim.
(Escrito em 27/09/2009)

Cérebro & Coração

Se for pra dizer algo importante, não digo. Fico bem aqui, quieta. Com o silencio que incomoda. Sem falar de paz interior, como os filhos da puta que te cercam. Ternura pelos gatos vira-latas das esquinas, e só. Mas se for pra falar de amor, eu topo. Falo de flores e polens. De cheiro verde e das cartas que nunca mandei. Da terra que nunca cultivei e das ervas que nunca colhi. Fé & Decepção. Esperança & Ilusão. Sentimento & Tesão. E tudo acontece ao redor da gente, mas nossos umbigos são tão mais interessantes do que as percepções a cada esquina fedorenta. Lembra da última vez que tomou uma dose de gentileza? Não é uma questão de amor ao próximo e nem da base da autopromoção: hastear a bandeira da filantropia. Eu to falando do presente, de existência, de consciência, irmão. Falo do suor que exala vida, das veias que levam sangue ao teu coração, dos sonhos que nunca envelhecem, do sexo sem amor – mas cheio de desejo, de orgasmos, da excitação ao raiar do dia, do sushi ou o Petit Gateau que você paga pau, do ovo frito na marmita do pedreiro ou do arroz com feijão de cada dia.
(Escrito em 05/10/2009)

Sobre os canudos coloridos da lanchonete/ sobre a vida alheia

Gosto quando você faz biquinho pra sugar o suco de uva que tanto gostas. Apesar de eu achar patético o fato de você desperdiçar um certo tempo procurando um canudo na cor vermelha. Eu te acho tão fútil, garota. És como uma Lolita, coberta de exageros sem nunca se tornar única. E eu já disse tantas vezes pra você enxugar a sola da sandália no tapete que fica bem na entrada, porque eu odeio a sujeira que você deixa na minha sala. Não sou teu pai, não vou te comprar a Melissa da moda, mas fica comigo que a gente se pega até umas horas. Eu me chamo José. Não tenho Y, K ou W no nome, que nem você, com esse nome exagerado e de extremo mau gosto. Mas eu já disse que adoro o clima da tua cidade? Porque a manga curta da tua blusa me permite teus braços e a minissaia me permite tuas pernas. Nada de golas altas, se ligue. E vê se aprende a falar devagar, é ridículo o desespero da tua fala. Mastiga de boca fechada e conversa olhando nos meus olhos, tenta passar segurança sobre quem você é e o que você quer, beleza? To indo nessa, te ligo mais tarde.

É tudo tão automático e ilustrativo.

(Escrito em 11/10/2009)