terça-feira, 17 de maio de 2016

Qual a parte mais bonita do seu corpo?

Conversando com um amigo esses dias sobre bundas e peitos, tive uma das opiniões masculinas mais esclarecedoras em relação a visão da maioria dos homens sobre o corpo feminino. Mas não é sobre isso que quero falar. Então, qual a parte mais bonita do seu corpo? Não é a parte que as pessoas dizem ser a mais bonita, é a parte que você mais gosta, que mais te agrada de verdade, ou até te excita mesmo. A minha parte escolhida é única, eu nunca vi beleza nessa parte em outras pessoas, talvez por isso seja a minha preferida. Gosto de outras partes, mas sempre tem algo ali ou aqui que eu mudaria. Mas a tal parte que eu mais gosto, não. Não mudaria nada. E nem tatuaria. Essa parte não é nenhum segredo, eu só não ando é espalhando por aí, fazendo exposição da minha beleza particular. É tão delicada, tão sutil, tão minha que não há espaço para banalizações. Poucos são aqueles que reconhecem uma beleza não pública. É uma tenuidade que deve ser descoberta casualmente, num comedido levantar de vestido, na singularidade de uma carícia delicada ou num toque diligente de alguém que, olha e percebe, assim, por acaso. Estou isenta de modéstia, com licença e obrigada. Elogios de frigorífico já me cansaram. Queria mesmo era que notassem e elogiassem, quem sabe, essa tal parte. Mas tudo isso não é uma charada e nenhum tipo de provocação lançada para quem me ler. Mas confesso, não nego, eu queria sim que alguém tomasse parte dessa minha tal parte.

Imagem: Uma sereia, John William Waterhouse.




Cartinhas & tarô

Foi quando me dei conta que eu poderia ser o que eu quisesse: santa, puta, doce, ácida, crua & tua. Eu poderia ter a minha arcada dentaria tatuada em ti, bem ali assim: a minha mordida exposta na tua pele, te mastigando através dos meus desejos mais sinceros. Então eu enxerguei a minha loucura através dos teus olhos. A tua dor foi me consumindo, e ao invés de sentir o peso dessa dor nos meus ombros, eu escolhi te ter em meus braços com tudo embutido e misturado. Tantas ressacas de tantas noites, e ainda faltam tantas risadas para além. Baby, eu não sou nada fácil, mas arranco a tua tristeza com cerveja e Jorge Ben. Eu amo me sentir livre, sempre fui assim: mente aberta, coração alerta. Mas evito sucumbir à dor de ser do mundo. Que é uma dor oca, com pitadas de frieza.  Uma dor à la Holly Golightly, sabe? De quando surge no céu uma cor assim bonita, diferente do azul habitual, e a gente fica lá parado sem cansar de olhar com os olhos encantados, entende? Mas no dia seguinte o torcicolo. E sempre foi assim: a minha bagunça fluída e a tua coisa toda tão certa - como bem disse o Veloso. Baby, eu não sou nada fácil, mas sempre volto em sete dias.