quinta-feira, 16 de janeiro de 2014

Sobre os canudos coloridos da lanchonete/ sobre a vida alheia

Gosto quando você faz biquinho pra sugar o suco de uva que tanto gostas. Apesar de eu achar patético o fato de você desperdiçar um certo tempo procurando um canudo na cor vermelha. Eu te acho tão fútil, garota. És como uma Lolita, coberta de exageros sem nunca se tornar única. E eu já disse tantas vezes pra você enxugar a sola da sandália no tapete que fica bem na entrada, porque eu odeio a sujeira que você deixa na minha sala. Não sou teu pai, não vou te comprar a Melissa da moda, mas fica comigo que a gente se pega até umas horas. Eu me chamo José. Não tenho Y, K ou W no nome, que nem você, com esse nome exagerado e de extremo mau gosto. Mas eu já disse que adoro o clima da tua cidade? Porque a manga curta da tua blusa me permite teus braços e a minissaia me permite tuas pernas. Nada de golas altas, se ligue. E vê se aprende a falar devagar, é ridículo o desespero da tua fala. Mastiga de boca fechada e conversa olhando nos meus olhos, tenta passar segurança sobre quem você é e o que você quer, beleza? To indo nessa, te ligo mais tarde.

É tudo tão automático e ilustrativo.

(Escrito em 11/10/2009)

Nenhum comentário:

Postar um comentário